Draper impõe domínio e encerra campanha de Fonseca em Roland Garros

Mesmo sobre o saibro, Jack Draper mostrou por que é o número 5 do mundo e o tenista de maior evolução técnica na temporada. O britânico não deu chances a João Fonseca, e fechou a partida de forma incontestável contra o carioca em 3 sets a 0, com parciais de 6/2, 6/4 e 6/2, em 1h46 de jogo na quadra Suzanne-Lenglen, a segunda mais importante de Roland Garros.

Draper, de 23 anos, mostrou por que é considerado um dos jogadores mais completos da nova geração. Com um saque potente (chegou a 8 aces e 59% de acerto no primeiro serviço), domínio tático e muita confiança, o britânico controlou o ritmo do jogo desde o início. O jovem de 18 anos, que buscava repetir o feito de Thomaz Bellucci (último brasileiro nas oitavas em Paris, em 2010) e se tornar o mais jovem a chegar à quarta rodada neste século, sentiu a pressão e oscilou, principalmente nos momentos decisivos.

O carioca, que vinha de vitórias expressivas sobre Hubert Hurkacz e Pierre-Hugues Herbert, não conseguiu repetir o desempenho das rodadas anteriores. Draper quebrou o saque do brasileiro logo no terceiro game e, a partir daí, impôs seu jogo agressivo, variando bolas altas e curtas para minar a confiança do adversário. O primeiro set terminou com 16 erros não forçados do brasileiro, contra apenas 7 do britânico, além de vantagem nos winners: 8 a 3 para Draper.

Foto: Philippe Montigny/FFT

No segundo set, João elevou o nível, mas Draper manteve a solidez. O britânico salvou dois break points no décimo game, com grandes saques, e fechou a parcial após nova quebra. O terceiro set foi um espelho do domínio de Draper, que abriu 4/0 rapidamente e não deu margem para reação. O brasileiro chegou a pedir atendimento médico, mas não conseguiu mudar o panorama.

As estatísticas finais escancaram a superioridade do britânico: Draper venceu 37 de 40 pontos jogando com o primeiro saque, enquanto o carioca só conseguiu 21% dos pontos como devolvedor. No total, Draper fez 32 winners contra 23 do brasileiro e cometeu apenas 20 erros não forçados, contra 38 de Fonseca.

Após a partida, Draper elogiou o adversário: “Eu sabia que seria uma partida muito difícil, João acabou de chegar no circuito e já ganhou a atenção de todos, dos jogadores e dos fãs. É um incrível jogador jovem, tem muito a vir dele. Acho que hoje pesou um pouco a falta de experiência em Grand Slams, mas ele tem um futuro brilhante e estará no topo do jogo. Boa sorte para ele”.

O brasileiro, apesar da derrota, sai de Paris com saldo positivo. Ele garantiu provisoriamente o 56º lugar no ranking da ATP, seu melhor da carreira, e se tornou o mais jovem desde Rafael Nadal, em 2000, a chegar à terceira rodada de Roland Garros sem perder sets. O carioca, que iniciou o torneio como 65º do mundo, pode ainda subir mais uma posição dependendo dos resultados dos adversários diretos.

O britânico, por sua vez, segue embalado em 2025: já conquistou o Masters 1000 de Indian Wells, foi vice em Madri e semifinalista do US Open no ano passado. Em Roland Garros, chega pela primeira vez às oitavas de final, onde enfrentará o cazaque Alexander Bublik, número 62 do ranking, que também vem de boa campanha.

A partida também marcou o segundo confronto entre Draper e o brasileiro na temporada. Em Indian Wells, o britânico já havia vencido em sets diretos, com direito a um “pneu” (6/0) no segundo set. O retrospecto mostra que, por ora, Draper é um obstáculo ainda intransponível para João, que segue em evolução e acumula experiência valiosa para o futuro.

O clima nas arquibancadas foi de apoio intenso ao brasileiro, que arrastou uma legião de fãs em Paris. Mas, como destacou a imprensa internacional, Fonseca ainda precisa amadurecer taticamente e controlar melhor a agressividade nos momentos decisivos.

Com a eliminação, o carioca agora volta suas atenções para a temporada de grama, onde buscará consolidar sua ascensão e, quem sabe, dar mais um salto no ranking.