Pádel acelera expansão global e mira inclusão nos Jogos Olímpicos de 2032
- Raphael Favilla
- 24 de set.
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O pádel vive um momento de crescimento acelerado em todo o mundo, deixando de ser um esporte de nicho para se tornar um fenômeno global. Hoje são mais de 70 mil quadras espalhadas em cerca de 130 países e territórios, mais de 23 mil clubes e uma estimativa que ultrapassa os 30 milhões de praticantes. Esse avanço tem despertado o interesse do Comitê Olímpico Internacional (COI), já que a entidade busca modalidades com forte presença internacional, regras claras, governança consolidada e apelo popular.
Outro aspecto favorável é que o pádel se encaixa bem no perfil de modalidades que o COI costuma valorizar: trata-se de um esporte dinâmico, acessível, de fácil prática e com forte apelo junto ao público jovem, o que reforça o potencial de atrair novos espectadores. Além disso, a infraestrutura necessária para instalação de quadras é relativamente simples e menos custosa do que a de outros esportes tradicionais, algo que agrada organizadores dos Jogos por reduzir impactos financeiros e logísticos.

Mirando Brisbane 2032
Nesse cenário, a Federação Internacional de Pádel (FIP), fundada em 1991, tem desempenhado papel fundamental ao alinhar o esporte às exigências olímpicas. A entidade já conquistou reconhecimento da ARISF (Association of IOC Recognized International Sport Federations), o que representa um passo decisivo no processo de aproximação com o COI. Mais recentemente, em fevereiro de 2025, também obteve reconhecimento oficial da FISU (Federação Internacional de Esportes Universitários), abrindo caminho para que a modalidade seja incorporada em competições universitárias em vários países. Esse movimento amplia a base juvenil e reforça a legitimidade institucional do pádel.
Entre as prioridades da FIP estão a implementação de regulamentos antidoping rigorosos, a garantia de igualdade de oportunidades entre homens e mulheres e a consolidação de um sistema de governança transparente e profissional. A entidade também intensificou esforços para combater a manipulação de resultados, organizando webinars em parceria com a OM Unit PMC do COI e com a International Testing Agency. Essas medidas visam evitar disputas internas que já prejudicaram outros esportes em processos de candidatura olímpica.
Apesar dos avanços, o pádel ainda não fará parte dos Jogos de Los Angeles 2028, já que os prazos formais para inclusão se encerraram antes que o processo pudesse ser finalizado. Com isso, a expectativa se volta para Brisbane 2032, quando a modalidade tem chances reais de estrear no programa olímpico. A decisão final deve ocorrer nos próximos anos, possivelmente entre 2025 e 2026, quando o COI definirá o quadro de esportes adicionais para os Jogos australianos. Enquanto isso, a modalidade já garantiu presença nos Jogos Mediterrâneos de 2026, em Taranto, na Itália, fortalecendo sua visibilidade em competições multiesportivas de peso.
O desafio, no entanto, não é pequeno. O pádel precisa provar que não é apenas popular em países onde já se consolidou — como Espanha, Argentina, México e várias nações da Europa —, mas também que pode crescer em regiões onde ainda engatinha, como Ásia, África e Oceania. Segundo dados do World Padel Report 2024, cerca de 60% dos jogadores estão concentrados na Europa, 23% na América do Sul, 7% na América Central e do Norte, 6,4% na Ásia, 4,3% na África e apenas 0,3% na Oceania. Para o COI, a distribuição geográfica é tão importante quanto o número absoluto de praticantes, e esse ainda é um ponto de atenção.
O mais recente Global Padel Report 2025, produzido pela Playtomic em parceria com a Strategy&/PwC, mostra que o ritmo de expansão continua impressionante, com mais de 7100 novas instalações inauguradas apenas em 2024, além de 3280 clubes criados no mesmo período. Além disso, o circuito Premier Padel consolidou-se como vitrine internacional da modalidade, com renovação de torneios de prestígio na Itália, França e Qatar, e um crescimento estimado de 30% na audiência global das transmissões em 2025.
Pádel se espalha pelo Brasil
No Brasil, o esporte também dá sinais de força. De acordo com a Confederação Brasileira de Padel, já são milhares de praticantes espalhados por mais de 20 estados, com concentração principalmente no Sul e Sudeste. O país conta com centenas de quadras e clubes em expansão, além de competições nacionais regulares e participação crescente em torneios internacionais organizados pela FIP. O movimento local é tão expressivo que duas cidades brasileiras já protocolaram candidaturas para sediar etapas do Premier Padel em 2026, com custo estimado de US$ 2,5 milhões por evento. Isso pode colocar o país em destaque no calendário mundial da modalidade.
Nos Estados Unidos, a expansão é igualmente visível. Em cidades como San Francisco, clubes como o Bay Padel registram lotação frequente e ampliam suas instalações para atender à demanda, enquanto hotéis de luxo ao redor do mundo incorporam quadras como parte de suas amenidades, reforçando o apelo do esporte não apenas competitivo, mas também como experiência de estilo de vida.
Apesar das incertezas, o pádel nunca esteve tão perto de se tornar olímpico. Se a trajetória de crescimento se mantiver, se os critérios de governança forem plenamente atendidos e se a modalidade conseguir provar sua relevância fora dos países já consolidados, Brisbane 2032 poderá marcar o momento histórico em que o esporte conquistará seu espaço definitivo no maior palco esportivo do planeta. Para o Brasil, essa possível inclusão significaria abrir portas para atletas nacionais competirem em nível olímpico e colocar o país entre os protagonistas de uma modalidade que cresce com força nos cinco continentes.
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