Alvo das atenções de Djokovic, Fonseca retribui: "O melhor de todos os tempos. Não o maior, mas o melhor"
- Raphael Favilla
- 25 de ago.
- 3 min de leitura
O Brasil vibrou com a primeira vitória de João Fonseca no US Open. Nesta segunda-feira, o carioca de apenas 19 anos mostrou personalidade para superar o sérvio Miomir Kecmanovic, número 42 do mundo, por 3 sets a 0 em sua estreia no torneio nova-iorquino. A partida, disputada diante de um Arthur Ashe Stadium tomado por bandeiras brasileiras, teve drama, emoção e até susto: o jovem passou mal no terceiro set, vomitou em quadra, mas seguiu jogando e garantiu a classificação.
Logo após o triunfo, Fonseca explicou o episódio e se mostrou aliviado: “A primeira rodada é sempre um pouco mais tensa e hoje me senti um pouco enjoado no terceiro set. Não sei o que aconteceu. Só vomitei água. Desculpem-me, pessoal, peço desculpas! Muito obrigado pelo apoio hoje! Significa muito ter a bandeira brasileira comigo aqui. Muito obrigado aos brasileiros e a todas as pessoas que me apoiaram hoje.”

Em entrevista à ESPN, o brasileiro reforçou que o problema não passou de um susto: “Estou me sentindo bem. Foi mais um susto ali durante a partida, mas estou me sentindo bem, foi uma boa primeira rodada em que, apesar de não ter jogado meu melhor tênis, consegui me manter positivo… voltando a explorar as direitas, a me sentir melhor com o backhand, a devolução. Estou me sentindo melhor do que nos outros torneios e bem para esse torneio.”
Questionado pelo canal sobre a mudança de estratégia diante do saque de Kecmanovic, Fonseca detalhou os ajustes técnicos no decorrer da partida: “Variei nas devoluções. É um jogador que gosta muito de jogar com peso, fica na linha de fundo, mete a mão na bola. Mas é um jogador que não movimenta tão bem e talvez, nos momentos de saque, eu estava fazendo ele se precipitar um pouco mais, jogando mais bolas no meio, fazendo ele jogar. Nos momentos importantes consegui jogar super bem e isso fez a diferença.”
A vitória marca mais um capítulo na ascensão meteórica de Fonseca, que nesta temporada conquistou seu primeiro título de ATP em Buenos Aires e quebrou a barreira do top 50 do ranking mundial. O brasileiro, porém, faz questão de realçar o apoio do público como combustível em quadra: “É um prazer contar com tanto apoio da torcida. Acho que todas as crianças, quando jogam tênis, querem se tornar famosas e representar seu país. É um sonho fazer o que amo e ter o apoio dos brasileiros, um país que amo. É realmente uma honra. Vou continuar vivendo esse sonho.”
O próximo desafio será contra o tcheco Tomas Machac, cabeça de chave 22, adversário que Fonseca elogia: “É um bom jogo. Apesar de nunca ter jogado com ele, sei que pode ganhar de qualquer um. Tem feito bons resultados nos últimos dois anos, está consolidado no top 30, joga agressivo, defende super bem. Vai ser um jogo duro, sim. Amanhã é descansar, se preparar mentalmente e ir com tudo para provavelmente quarta-feira.”
Mas a vitória de estreia e a empolgação da torcida brasileira não foram as únicas histórias do dia. Fora da quadra, Novak Djokovic roubou a cena ao ser questionado sobre sua vida no tênis após a aposentadoria. O sérvio de 38 anos respondeu em tom de brincadeira: “My plan after I retire from tennis is to coach Joao Fonseca. I’m going to be very expensive for him, so be ready.” (“Meu plano depois que eu me aposentar do tênis é treinar o João Fonseca. Vou ser muito caro para ele, então que se prepare.”). Entre risos, completou: “I hope he is ready.”
Fonseca, ainda na ESPN, reagiu com naturalidade ao comentário: “Fiquei sabendo, sim. Eu estou bem com a minha equipe agora, mas vamos ver se no futuro acontece. Ele é um ídolo para o esporte. Eu diria o melhor de todos os tempos. Não o maior, mas o melhor. Sempre que encontro com ele nos torneios a gente conversa, brinca comigo, ele fala um pouco de português. É uma honra, vamos ver no futuro como acontece.”
Até comparações improváveis apareceram. Um repórter lembrou que Messi também já passou mal em jogos decisivos e brincou se isso poderia virar “ritual” de Fonseca. O jovem riu: “Melhor deixar do jeito que está. Eu odeio me sentir mal, mas acontece. Tava calor hoje. Mas enfim, seguimos aí.”
Entre o susto, a superação e as aspas carismáticas, João Fonseca deixou de ser só uma promessa para se tornar um dos personagens mais comentados do US Open. Entre ovadas da torcida brasileira, elogios da imprensa internacional e até uma “oferta de emprego” de Djokovic, o carioca inicia em grande estilo a jornada que sonhou desde criança.
👏👏👏👏👏
👏👏👏