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Brasil passeia sobre Portugal na BJK Cup, e Naná celebra: “representar o Brasil é uma sensação indescritível”

A campanha brasileira na Billie Jean King Cup 2025 começou com autoridade em Hobart. Com apenas 15 anos, Nauhany “Naná” Silva estreou como profissional na competição, abriu o caminho com uma vitória madura sobre a portuguesa Matilde Jorge, Laura Pigossi confirmou a classificação em simples e a dupla Luísa Stefani/Ingrid Martins fechou o placar em 3 a 0 para o Brasil sobre Portugal pelos playoffs do Grupo E. Agora, a vaga no Qualificatório Mundial de 2026 será decidida contra a anfitriã Austrália, também em melhor de três jogos.


Naná Silva
Naná em ação (Foto: André Gemmer/CBT)

“Foi um dia muito especial para mim. Estrear na Billie Jean King Cup com vitória, representando o Brasil, é uma sensação indescritível”, contou Naná após vencer Matilde Jorge, 21 anos e 255ª do ranking da WTA, por 7/5 e 6/4. “Entrei em quadra nervosa, mas ao mesmo tempo muito focada e determinada. As meninas e toda a comissão me passaram muita confiança. Estou muito feliz e motivada para continuar ajudando o time”.


A vitória da jovem paulista, atual 672ª do ranking profissional e uma das principais promessas do país, deu o tom da estreia. Vinda de uma semana intensa na Billie Jean King Cup Junior, no Chile, em que venceu seus seis jogos de simples, Naná desembarcou na Austrália para assumir uma responsabilidade grande: substituir Bia Haddad Maia, que encerrou a temporada mais cedo, e estrear já em um confronto eliminatório.


Segundo ela, tudo isso ainda está sendo absorvido. “Este tem sido um ano de muitas experiências novas, principalmente no circuito profissional. Estou muito feliz com tudo o que está acontecendo e ainda nem consegui processar direito. Fui muito bem recebida por toda a equipe, consegui competir em alto nível e colocar em prática o que venho treinando. Agora é descansar e me preparar para o confronto decisivo contra a Austrália”.


Em quadra, a atuação justificou a confiança do capitão Luiz Peniza. Naná suportou bem a pressão nos momentos-chave, segurou a troca de bolas com uma rival mais experiente e soube aproveitar as oportunidades para quebrar o saque da portuguesa, confirmando em sets diretos o primeiro ponto brasileiro.


Pigossi sacramenta a vitória

Laura Pigossi
Laura Pigossi (Foto: André Gemmer/CBT)

Na sequência, entrou em cena a experiência de Laura Pigossi para carimbar a classificação. A paulista de 31 anos, 193ª do ranking, venceu Francisca Jorge, 202ª do mundo, por duplo 6/4. Foi a sexta vitória de Pigossi em 16 jogos de simples pela Billie Jean King Cup, além de outras quatro em duplas, e a segunda sobre Francisca em quatro confrontos na carreira. A forma como ela administrou os momentos de oscilação mostra bem o papel de liderança dentro da equipe.


Laura chegou a abrir 5/2 no primeiro set, sofreu uma reação da portuguesa, mas voltou a pressionar o serviço rival para fechar a parcial. No segundo, saiu na frente por 2/0, levou a virada para 4/2, mas recuperou intensidade e consistência do fundo, aproveitando também a instabilidade no saque de Francisca, que cedeu quebras decisivas – inclusive com dupla falta no game final. Sacando para o jogo, a brasileira não titubeou e selou o 2 a 0 no confronto.


Com o duelo definido, faltava apenas o ponto das duplas para completar o passeio brasileiro. Especialistas na modalidade, Luísa Stefani e Ingrid Martins confirmaram o favoritismo e superaram Inês Murta e Angelina Voloshchuk por 6/1, 4/6 e 6/3, garantindo o 3 a 0 no placar geral. Foi a segunda vitória da parceria na Billie Jean King Cup, repetindo o bom desempenho que já haviam mostrado em 2023, em Brasília. Stefani, uma das referências do país nas duplas, chegou a 11 vitórias e apenas três derrotas na competição, com direito até a uma importante vitória em simples em 2017.


Luisa Stefani e Ingrid Martins
Foto: André Gemmer/CBT

Peniza celebra Naná

Do lado de fora da quadra, a estreia de Naná foi tratada como um sinal do que pode vir pela frente para o tênis feminino brasileiro. O técnico Danilo Ferraz, que acompanha a jogadora na Austrália, ressaltou a maneira como a adolescente encarou o desafio logo de cara. “Foi uma estreia incrível, difícil imaginar uma melhor. A Nauhany chegou aqui muito bem, se adaptou rápido às condições e ao ambiente da equipe. Mostrou muita maturidade para lidar com a responsabilidade de representar o Brasil em um evento desse nível. Foi uma vitória excelente, que certamente será uma grande experiência para o futuro dela como jogadora e como integrante da equipe”.


Capitão da seleção, Luiz Peniza também fez questão de destacar o conjunto da obra. Para ele, o 3 a 0 não traduz exatamente o equilíbrio dos jogos, mas evidencia o nível de competitividade das brasileiras. “Uma estreia muito sólida da equipe. Tivemos partidas duras, mas as atletas souberam lidar muito bem com os momentos importantes, mostrando maturidade e espírito de equipe. A Nauhany fez uma estreia excelente, a Laura manteve o padrão de competitividade e a dupla fechou com muita firmeza. Agora é recuperar, ajustar os últimos detalhes e focar totalmente na Austrália, que é um time fortíssimo e joga em casa. Será um duelo intenso, mas estamos preparados”.


Os números ajudam a dimensionar o peso desse resultado. Com a vitória sobre Portugal, o Brasil chegou a 3 a 0 no confronto, avançou no Grupo E e mantém viva a chance de voltar ao nível mais alto da Billie Jean King Cup. Historicamente, as melhores campanhas brasileiras na competição foram as quartas de final em 1965 e 1982, e a classificação para o Qualificatório Mundial de 2026 seria mais um passo para recolocar o país entre os protagonistas do tênis feminino por equipes.


De quebra, o triunfo também reforça a identidade de um time que mistura juventude e rodagem. Ao lado de Naná e Pigossi, a delegação em Hobart tem ainda a jovem Ana Candiotto, de 21 anos, e a consolidada dupla Stefani/Ingrid. Todas sob comando de Peniza em um formato de disputa curto, em que cada detalhe pode pesar: são dois jogos de simples e um de duplas por confronto, e apenas o primeiro colocado do grupo avança ao Qualificatório Mundial. Austrália e Portugal já haviam se enfrentado na abertura da chave, com vitória das anfitriãs, e o duelo contra o Brasil está marcado para às 22h (de Brasília), avançando pela madrugada de domingo.


Na prática, isso significa que a vaga será definida em um ambiente claramente favorável às australianas, que contam com duas top 100 em simples (Maya Joint e Kimberly Birrell), além de Talia Gibson, Storm Hunter e Ellen Perez, todas acostumadas às condições locais. Para o Brasil, o desafio é usar o embalo da estreia perfeita e a confiança gerada pelo crescimento de uma novata como Naná para tentar surpreender o time da casa.


Dentro do vestiário, o clima é de equilíbrio entre euforia e foco. A própria Naná, que já vive um ano de afirmação com o primeiro título profissional em São João da Boa Vista e vitória em nível WTA sobre Carol Meligeni, dá o tom. Entende o tamanho do que acabou de fazer, mas já olha para frente, para a chance de seguir escrevendo história com a camisa do Brasil. E, se depender dela, representar o país na Billie Jean King Cup vai continuar sendo uma “sensação indescritível” por muito tempo.

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