top of page
Captura de Tela 2025-09-13 às 11.36.40 AM.png
Banner Home_Parceiros Nittenis Club (CELULAR).jpg
Banner Home_Parceiros Nittenis Club (700 x 300 px).png
Captura de Tela 2025-09-13 às 12.54.35 PM.png

Da Percepção à Decisão: O Papel da Tática na Formação do Jogador

No novo artigo de Haroldo Zwetsch Junior, a técnica cede espaço à tática como ponto central da formação do tenista. Referência nacional na formação de jogadores de alto rendimento, o técnico e professor mostra que o jogo acontece muito antes do golpe perfeito e defende que, desde a primeira aula, é preciso ensinar o aluno a ler a quadra, tomar decisões rápidas e pensar como jogador. Confira!


Da Percepção à Decisão: O Papel da Tática na Formação do Jogador


Da Percepção à Decisão: O Papel da Tática na Formação do Jogador

O tênis, em sua essência, não é apenas um exercício técnico de repetição. É um jogo de decisões, de percepções rápidas e de estratégias que se revelam a cada ponto. Entretanto, por muito tempo, o ensino no Brasil — especialmente para iniciantes e adultos amadores — foi dominado por um modelo reducionista, centrado na técnica descontextualizada.


É necessário reconhecer: o jogo precede a técnica. A prática contemporânea, sustentada por pesquisas e pela observação atenta das partidas, mostra que aproximadamente 70% dos pontos terminam em até quatro golpes. Isso significa que a realidade do tênis não é construída em longos ralis, mas em ações rápidas, nas quais a leitura de jogo, o posicionamento e a escolha da resposta tática são decisivos.


Ensinar tênis, portanto, é ensinar a jogar. Desde a primeira aula, seja com crianças ou adultos, o aluno deve ser introduzido às variáveis reais do jogo: neutralização, ataque, contra-ataque, defesa sob pressão, construção e definição. Esse contato imediato amplia a percepção, desenvolve a tomada de decisão e consolida hábitos que, mais tarde, permitirão a execução técnica refinada.


Os Pilares do Ensino Tático

O processo pedagógico moderno pode ser sintetizado em três pilares fundamentais:


  1. Leitura de jogo – desenvolver a percepção visual e o timing da bola. Reconhecer se a bola é curta, funda, rápida ou lenta é a condição indispensável para qualquer ação técnica.

  2. Padrões até quatro bolas – compreender que a maioria dos pontos se decide em poucos golpes obriga a treinar saque, devolução e primeiros tiros ofensivos de maneira sistemática.

  3. Plano de aula propositivo – construir cada sessão com foco em situações de jogo, criando desafios que estimulem a tomada de decisão em vez da simples troca de bolas.


Esses pilares representam uma mudança de paradigma: não esperar que o jogo “apareça”, mas ensiná-lo desde o início.


O Professor como Condutor de Decisões

O papel do professor não é oferecer exercícios isolados, mas conduzir o aluno a pensar o jogo. Jogos dirigidos, regras adaptadas e variações de espaço tornam a quadra um laboratório de escolhas. Ao restringir áreas, limitar golpes ou estabelecer metas como “vencer em até três bolas”, o treinador obriga o aluno a encontrar soluções, criando hábitos cognitivos transferíveis para o jogo real.


Outro conceito determinante é o respeito à bola. Cada bola traz um feedback, uma informação. Há bolas de neutralização, bolas de ataque e bolas de definição. Ensinar o jogador a distinguir esses momentos é capacitá-lo a agir com intenção: não apenas manter a bola em jogo, mas utilizá-la como ferramenta estratégica.


O tênis não é um jogo de simples controle. É ataque e defesa em alternância constante. Essa lógica se aplica tanto ao profissional de elite quanto ao amador iniciante. O que muda não é o conceito, mas a precisão e a velocidade de execução. O ensino moderno deve oferecer ao aluno a vivência desses papéis desde cedo, para que ele compreenda o jogo como um sistema dinâmico de escolhas.


O Tênis que Queremos Ensinar

O desafio que se coloca diante de nós é romper com a tradição que reduz o tênis à repetição mecânica. É hora de assumir que formar jogadores é formar pensadores de jogo.

O adulto amador, que busca prazer e progresso; a criança, que inicia seus primeiros passos no esporte; e o atleta em desenvolvimento compartilham a mesma necessidade: aprender a jogar com propósito, coragem e consciência.


Ensinar um tênis propositivo significa preparar o aluno para a realidade do jogo, estimular a criatividade, consolidar padrões e permitir que cada decisão carregue sentido. Essa é a base para um tênis mais moderno, mais atrativo e mais formador.




2 comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação
Marconi
há 4 minutos

Muito bom. Cirúrgico, como sempre.

Curtir

Paulo March
há 30 minutos
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Excelente artigo !

Creio que 99% dos atletas não têm essa percepção do que o tênis proporciona - ou pode proporcionar, se assim for treinado. 👏🏼

Curtir
bottom of page