top of page

Estrelas do Tênis divididas: o polêmico formato dos torneios de duas semanas


Novak Djokovic
Após duas derrotas seguidas, Djokovic desistiu do Masters 1000 de Roma (Foto: Mutua Madrid Open)

As mudanças no calendário do tênis mundial a partir de 2025 seguem dando o que falar. Sete dos nove Masters 1000 da ATP e seis dos dez WTA 1000 passaram a ser disputados em duas semanas, ampliando as chaves para 96 jogadores e estendendo o calendário. A mudança, que busca dar mais visibilidade e espetáculo, divide profundamente as principais estrelas do circuito e acirra o debate sobre o futuro do esporte.


O que mudou no calendário?

Quase todos os Masters 1000 hoje têm duração de duas semanas, com exceção de Monte Carlo e Paris-Bercy. A mudança teve como objetivo criar uma experiência semelhante à dos Grand Slams, tanto para jogadores quanto para o público. No feminino, a WTA seguiu a mesma tendência.


O que dizem as estrelas?

Andy Murray foi um dos nomes mais contundentes ao criticar a mudança. Em entrevista recente, o britânico afirmou:

“Antes, se você jogasse em Roma e Madri e fosse cabeça de chave, tinha uma folga nesses torneios, e assim podia jogar sua primeira partida na quarta-feira. Se você chegasse de Madri no sábado, sabia que teria quatro dias de treinamento e em 16 dias teria concluído dois eventos. Mas agora não há nada disso. Então, acho que mudou nesse sentido. E acho que o contrário era muito melhor. Os torneios de uma semana eram realmente bons. Havia partidas de alta qualidade todos os dias, você sabia exatamente quem ia jogar e quando. Sim, era exigente e difícil, mas também havia algumas regras que eles mudaram”

Murray ainda destacou:

“Eu preferia como era antes, porque provavelmente permitia jogar mais partidas em um período mais curto, mas depois você tinha mais tempo para descansar e se recuperar, enquanto agora o descanso e a recuperação acontecem durante os torneios”.


O escocês também sugeriu que, diante do novo cenário, os jogadores podem simplesmente optar por não jogar todos os eventos:


“Todos dizem que o calendário é muito longo, e é. Sem dúvida, é uma temporada longa. E agora, com os eventos de duas semanas, é bastante exigente. Mas também sempre tens a opção de não jogar. Sim, poderias obter zero pontos, perder alguns pontos de classificação ou não formar parte do fundo de bonificação. Não é que passe nada realmente mau. Não é que te suspendam nem que não possas participar em futuros eventos. Simplesmente é um ponto zero na tua classificação. Não é para tanto”.


Novak Djokovic, cofundador da PTPA, também é crítico:

“Agora, basicamente, não temos quatro Grand Slams, temos talvez 12 Grand Slams. É muita coisa”, afirmou o sérvio, ressaltando o desgaste físico e mental causado pelo aumento dos eventos longos.

Após a derrota na estreia do Masters 1000 de Madri, o sérvio comunicou que não vai jogar em Roma. Seis vezes campeão do torneio, ele admitiu que ainda enfrenta dificuldades para reencontrar seu melhor nível no circuito e reconheceu que vive uma nova fase na carreira e que agora encara os torneios de maneira diferente.


Djokovic também não escondeu que sua prioridade são os Grand Slam, embora tenha admitido incertezas para Roland Garros. “Não sei se serei capaz de jogar meu melhor em Paris, mas farei tudo o que puder”, garantiu o ex-número 1 do mundo.


Andrey Rublev reforçou a crítica à falta de diálogo:

“Acho que deveria ser mais sobre como todos os jogadores estão pensando, a média dos jogadores e também o que é melhor para os espectadores. Depois, dependendo da opinião da maioria dos jogadores e de como for com os espectadores, tomar essas decisões, porque às vezes eles estão tomando decisões sem perguntar a ninguém. Então alguns jogadores gostam e outros não gostam”.

Alexander Zverev já declarou que o formato é “bom para o top 50 e ruim para o top 10”, pois os melhores jogadores acabam ficando mais tempo longe de casa e com menos tempo de recuperação.


Carlos Alcaraz, jovem estrela espanhola, também se manifestou recentemente, dizendo que prefere o formato antigo, pois a sequência de jogos e viagens tem causado lesões e ausências em grandes torneios.


Após avançar no Masters de Madri, Medvedev se posicionou à favor da medida.


“Eu sempre disse que estou ok com duas semanas. Acho que os Masters de duas semanas são bons. O que precisa melhorar é o calendário em geral, mas não especificamente os Masters de duas semanas. Acho que eles estão bem assim.”

Medvedev ainda destacou que, para ele, o tempo extra permite chegar mais cedo, treinar melhor e se preparar com mais calma para os jogos, o que considera positivo para seu desempenho e para a qualidade do tênis apresentado.


Além do russo, Aryna Sabalenka, número 1 do ranking feminino, já havia defendido o formato, dizendo:

“Gosto do formato mais porque posso descansar física e mentalmente entre as partidas”.

Iga Swiatek, vice-líder do ranking, prefere não se posicionar: “Não penso sobre nisso”, declarou.


O lado das entidades

O presidente da ATP, Andrea Gaudenzi, é um dos principais defensores do formato de duas semanas, apostando no crescimento do esporte e na experiência do fã. A WTA, por sua vez, afirma que o circuito está sempre sob revisão, mas seu presidente Steve Simon também acredita que a estrutura não aumenta a carga de trabalho dos atletas.


Impacto para atletas e torneios

A ampliação dos torneios traz benefícios claros para o público e para a promoção do tênis, com mais jogos, mais estrelas em quadra e maior exposição midiática. Por outro lado, o calendário mais extenso pressiona os jogadores, que precisam administrar melhor o tempo de descanso e recuperação, além de lidar com o desgaste mental de uma temporada ainda mais longa.


Murray, inclusive, alerta que o novo formato pode dificultar o surgimento de uma nova era de domínio como a do “Big 4” (Federer, Nadal, Djokovic e ele próprio), pois será normal a ausência de muitas estrelas em certames de envergadura.



Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
bottom of page